sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O Estado Após a Morte — O que acontece com a alma do cristão depois de sua morte física?


“Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.” (Fil. 1.21-23),

A experiência da morte é uma realidade para todos. Os cristãos, mesmo depois de terem sido justificados pela graça de Deus ao receberem o Senhor Jesus pela fé, e assim terem garantida a sua salvação, não são poupados da morte física, conseqüência do pecado original. Os filhos adotivos de Deus (os crentes) certamente passam pela morte, muito embora os que estiverem vivos quando o Senhor Jesus voltar  fisicamente a Terra não morrerão, mas serão transformados (1 Cor. 15.51-52 ).

Apenas dois homens na história humana foram poupados da morte, tendo sido transformados em corpos glorificados e elevados (arrebatados) ao céu; e isto aconteceu antes mesmo da primeira vinda de Cristo. Esses foram Enoque (Gen. 5.24) e o profeta Elias (2 Rs. 2.11). Podemos entendê-los como exceções à regra, casos especiais.

Nós, os demais, assim como os filhos de Deus que já se foram desde o começo da história, inclusive os primeiros apóstolos e os mártires, iremos com certeza ressuscitar, “em carne e osso” no dia do retorno do nosso Senhor. Mas, o que acontece com nossa alma, depois da morte, no período entre a morte até a ressurreição?

Quando o cristão morre, sua alma fica num estado de sonolência ou vai direto para Deus?

A morte é a interrupção temporária da vida no corpo e a separação da alma do corpo. Quando o cristão morre, embora o corpo permaneça na terra e seja sepultado, no momento da morte, a alma (ou espírito) vai imediatamente para a presença de Deus, cheia de alegria. Quando o apóstolo Paulo pensava em sua morte, ele afirmou: “Preferindo deixar o corpo, e habitar com o Senhor” (2 Co 5.8). Deixar o corpo é estar com o Senhor, no lar.

Ele também diz que seu desejo é “partir e estar com Cristo” (Fp. 1.23). Jesus também disse ao ladrão que estava morrendo ao lado dele na cruz: “Hoje estarás comigo no paraíso[1]” (Lc 23.46).

A Bíblia não ensina a doutrina do “sono da alma”. O fato de que a alma dos cristãos vai imediatamente para a presença de Deus também significa que a doutrina do sono da alma é um erro. Essa doutrina ensina que quando os cristãos morrem, eles entram em um estado de existência inconsciente e que voltarão à consciência somente quando Cristo voltar e ressuscitá-los para a vida eterna.

Essa doutrina tem sido ensinada eventualmente por alguns na história da igreja, inclusive alguns anabatistas da época da Reforma e alguns seguidores de Edward Irving na Inglaterra no século XIX. Um dos primeiros escritos de João Calvino foi um folheto contra tal doutrina, a qual nunca teve ampla aceitação na igreja. Hoje em dia, os Adventistas do Sétimo Dia são praticamente os únicos a adotarem esta doutrina.  

O certo é que quando Cristo ou Paulo dizia que um morto “dormia” estava usando uma metáfora, uma figura de linguagem, referindo-se ao sono do corpo, que irá ressuscitar e, portanto, quando morto, fica como se estivesse dormindo.
A Bíblia (os livros verdadeiramente inspirados – os canônicos) também não ensina a existência de um purgatório. O fato de que a alma do cristão vai imediatamente para a presença de Deus nos leva indubitavelmente a concluir que não existe algo como o purgatório. Na doutrina católica romana, o purgatório é o lugar onde a alma do cristão é purificada do pecado até que esteja pronta para ser aceita no céu.

De acordo com esse pensamento, os sofrimentos do purgatório são dados a Deus como substitutos do castigo pelos pecados que os cristãos mereciam ter recebido, e não receberam. Paulo, o apóstolo, mesmo reconhecendo-se “o maior dos pecadores” (1 Tim. 1.15) sabia e escreveu, por inspiração divina, que ao partir, estaria com Cristo (Fil. 1.23); não passaria por nenhum “purgatório”. Este ensino do purgatório entra em choque com a certeza de Paulo e encontra fundamento apenas nos livros apócrifos, incorporados ao Velho Testamento da Igreja Católica Romana em 1546, e já estudamos e sabemos porque eles não fazem parte da revelação de Deus (ver a série “A Revelação de Deus” neste site).

Se não existe o “sono da alma”, para onde vai imediatamente a alma de um incrédulo, depois que morre?

A Bíblia nunca nos incentiva a pensar que haverá segunda chance de aceitar a Cristo depois da morte. Na verdade, o quadro é exatamente o oposto. A parábola do rico e de Lázaro nos ensina que o rico foi imediatamente para o Hades (Sheol em Hebraico), para o lugar de tormentos, e não dá esperanças de que seja possível passar de lá para o paraíso depois da morte, apesar de ter o rico clamado no Hades: “Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama”.

Abraão, entretanto, respondeu: “Há um grande abismo entre nós e vós, de forma que os que desejam passar do nosso lado para o seu, ou do seu lado para o nosso, não conseguem.” (Lc. 16.26b NVI).

Lamentavelmente, a alma dos descrentes vai imediatamente para o lugar de tormentos e lá aguardará até o juízo final, quando será lançada no fogo eterno (inferno).

Não há segunda chance.

A chance de receber o Senhor Jesus é aqui na terra.

       


PARA O CRISTÃO QUE SEGUE A JESUS E LHE FOI FIEL




Questões para reflexão e aprofundamento

  1. Uma vez que sabemos que a alma não fica em uma espécie de “sono”, mas que iremos (os que já recebemos o Senhor Jesus) imediatamente para junto dele no céu, qual deve ser a nossa atitude para com a nossa própria morte?

  2. Se o cristão sabe que a alma do crente vai imediatamente para junto do Senhor depois de sua morte, por que se entristece quando um crente morre?

  3. De acordo com o ensinamento da parábola do rico e de Lázaro (Lucas 16), bem como de Hebreus 9.27 e  Filip. 1.22-23, existe uma segunda chance para uma pessoa ser salva depois da morte?

  4. Se uma pessoa pudesse pagar pelos seus próprios pecados num “purgatório” ou mesmo por sofrer nesta vida, a morte de Jesus Cristo teria sido ineficaz, pois ele morreu para salvar a todo aquele que nele crê (João 3.16; 5.24). Você concorda com isto? Comente.


O paraíso ou “Seio de Abraão” (Lucas 16:19; 23.43) é um lugar intermediário de felicidade, onde as almas dos salvos aguardam conscientes (Lucas 16:26) até o dia da ressurreição, quando, então, os seus corpos ressuscitarão para reinar com o Senhor na Terra. 

A palavra Grega Hades no Novo Testamento tem conotação semelhante à palavra Hebraica Sheol usada no Antigo Testamento, e significam o mundo dos mortos — um estado intermediário, que possui dois lados; um, de tormentos, para onde vão os ímpios; o outro — o “Seio de Abraão”, ou o paraíso, para onde vão os salvos, assim que morrem. Esses dois estados ou lugares (o paraíso e o lugar de tormentos) são separados entre si por um abismo intransponível. 

 Os filhos de Deus (crentes em Jesus Cristo), quando morrem, vão diretamente para o paraíso “Estar com Cristo” (Filip. 1.23; 2 Cor. 5.8, Lc. 23.43). Os os não-salvos, assim que morrem, vão para o lugar de tormentos, para lá aguardarem o Grande Trono Branco (juízo final), que acontecerá depois do Milênio, quando, então, irão de lá para o inferno (lago de fogo), juntamente com Satanás e seus anjos (Apoc. 20.5; 20;11-15). 

Quando Cristo morreu, e enquanto não havia ressuscitado, Pedro afirma que ele foi ao Hades, ao mundo dos mortos (Atos 2.27, 31 e 1 Pe. 3.18-20). O texto de Atos dá a entender que Hades ali significa morte ou sepultura, pois Pedro cita o Salmo 16: “Pois não deixarás a minha alma no Hades (ou Sheol), nem permitirás que o teu santo veja a corrupção.” Percebe-se que Pedro afirma, em Atos, que o corpo de Jesus não ficou morto, mas ressuscitou. Já a passagem de 1 Pe. 3.18-20 é de difícil interpretação. 

O texto parece afirmar que Jesus, antes de ressuscitar, foi ao lugar de tormentos do Hades, e pregou aos espíritos em prisão. Não sabemos ao certo o que Pedro queria dizer com “espíritos em prisão”. 

Esta expressão pode significar espíritos de pessoas que haviam morrido durante o dilúvio, nos dias de Noé, ou anjos caídos, que se revoltaram contra o Senhor, nos dias de Noé. 

O teor dessa pregação de Cristo aos “espíritos em prisão” também não nos é claro, porém, considerando os ensinamentos do próprio Jesus, de Paulo, e dos demais apóstolos sobre a salvação, esta pregação de Jesus no Hades deve ter sido uma proclamação de vitória, e não uma “segunda chance” de salvação, pois está escrito que isto não existe.


Fonte: Marcio S. da Rocha

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